Osesp por Alsop

Osesp por Alsop

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“Minha primeira responsabilidade é continuar a elevar a qualidade artística e a capacidade técnica da Osesp.” É com esse compromisso que a regente norte-americana Marin Alsop assume, neste mês, o cargo de regente titular da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo.

Sua primeira apresentação à frente da orquestra acontecerá no dia 8 e será uma homenagem ao centenário do maestro Eleazar de Carvalho. Na programação, a estreia mundial da peça Terra Brasilis – Fantasia sobre o Hino Nacional Brasileiro, de Clarisse Assad, além de um concerto de Mozart e uma sinfonia de Shostakovich.

Entusiasmada com o trabalho no país, a regente pretende contribuir também para a carreira internacional da orquestra: “Estou ansiosa para trazer minhas relações já construídas para a Osesp, a fim de criar novas oportunidades para ela ao redor do mundo”.

Encantada com a MPB, Alsop encontra diversas semelhanças e relações com as músicas norte-americana e europeia: “Ela me faz lembrar dos anos 1920 e 30 nos EUA, quando a música popular e a música ‘séria’ entrelaçavam-se com grandes compositores como George Gershwin e de quando compositores europeus, como Maurice Ravel, apaixonaram-se pelo jazz e passaram a incorporá-lo em sua música”, afirma.

À frente da Filarmônica de Baltimore desde setembro de 2007, a regente se mostra ansiosa para passar parte de seu tempo aqui: “Estou curiosa para descobrir a vida oculta de São Paulo. Esta é uma cidade complexa, que com certeza deve conter surpresas escondidas”.

Leia a seguir a entrevista exclusiva concedida por Marin Alsop à revista CULT:

CULT – Quais são suas grandes metas como regente titular da Osesp?
Marin Alsop – Minha primeira responsabilidade é continuar a elevar a qualidade artística e a capacidade técnica da orquestra. Em parceria com o conselho de administração, os consultores e músicos, meu objetivo é mostrar esta orquestra maravilhosa e este país vibrante nos palcos do mundo. Além da temporada na Sala São Paulo, nossos planos incluem turnês regionais e internacionais.

Qual programação a senhora pretende imprimir na orquestra?
Além do repertório padrão, com ênfase inicial em Prokofiev (presente em nosso primeiro CD para o ciclo de Naxos), estou ansiosa para compartilhar um pouco da grande música clássica norte-americana através do meu mentor, Leonard Bernstein, e compositores como Aaron Copland e Samuel Barber, enquanto Cristopher Rouse, John Corigliano e, claro, John Adams. Estou particularmente animada para me debruçar ao repertório sul-americano e brasileiro.

A senhora pretende contribuir para o desenvolvimento da carreira internacional da Osesp?
Estou ansiosa para trazer minhas relações já construídas para a Osesp, a fim de criar novas oportunidades para a orquestra ao redor do mundo.

Como a senhora pretende desenvolver atividades educativas e sociais através da Osesp?
A Osesp já possui um bom programa educacional, que irá atingir 100.000 crianças em 2012. O Brasil tem vários sistemas de apoio em lugares que buscamos parcerias para ajudar a encorajar e estimular a nova geração de jovens. O programa educativo também conta com a Academia da Osesp, que recebe 20 jovens músicos, que são monitorados e tutorados pelos integrantes da orquestra. Estou ansiosa ajudar a expandir estes programas de sucesso já existentes e visando a criação de novas iniciativas onde a necessidade é evidente.

Como pretende lidar com os compositores brasileiros?
Meu principal desafio é procurar jovens compositores em ascensão e criar um ambiente em que possam aprender, crescer e se tornar os consagrados compositores de amanhã. Oportunidade e acompanhamento serão as chaves para criar o sucesso destes compositores.

O que mais lhe chama atenção na música brasileira?
Eu absolutamente amo a música popular brasileira. Ela me faz lembrar dos anos 1920 e 30 na América do Norte, quando a música popular e a música “séria” entrelaçavam-se com grandes compositores como George Gershwin e quando compositores europeus, como Maurice Ravel, apaixonaram-se pelo jazz e passaram a incorporá-lo em sua música.
Estou começando a descobrir a música de Guarnieri, Prado, Mignone e outros. É como descobrir novos tesouros.

Como a senhora avalia o Brasil culturalmente?
Estou extremamente atraída pelo senso de inclusão e orgulho patriótico dos brasileiros. A arte contemporânea brasileira que eu tenho visto é fenomenal e o nível de entusiasmo pelas artes é inspirador.

Como a senhora avalia tecnicamente os instrumentistas da Osesp?
Os músicos da Osesp atendem os mais altos padrões internacionais. As audições são rigorosas, altamente competitivas e uma posição na Osesp é muito almejada.

Quais são suas expectativas ao passar um bom tempo em uma cidade como São Paulo?
Estou curiosa para descobrir a vida oculta de São Paulo. Esta é uma cidade complexa, que com certeza deve conter surpresas escondidas. Nasci e fui criada em Manhattan nos anos 60, portanto eu posso imaginar uma cidade com muitas dimensões. As pessoas são incrivelmente calorosas e genuínas, o que me chama muita atenção.

Onde: Sala São Paulo – Pça. Júlio Prestes, 16
Quando: 8, 9 e 10/3
Quanto: até R$ 149
Info.: http://www.osesp.art.br/

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Novembro

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