Os vícios segundo La Rochefoucauld

Os vícios segundo La Rochefoucauld
O colunista Alcir Pécora (Reprodução)
  A forma breve da “máxima” atingiu seu estatuto artístico definitivo em língua francesa com François, Duque de La Rochefoucauld (1613-1680). Comemora-se, neste ano, portanto, o quarto centenário de seu nascimento, do qual lembrei aqui mesmo na CULT com a tradução da sentença a respeito da morte que fechava a quinta edição de seu livro mais conhecido, Réflexions ou Sentences et Maximes Morales (Reflexões ou sentenças e Máximas morais). Homem de armas e de salão, La Rochefoucauld teve importante participação nas chamadas “Frondas”, combates (muitas vezes de rua) que a alta aristocracia francesa conduziu contra a política centralizadora de Richelieu e de Mazarino, e cujo resultado abateu de vez as pretensões emancipatórias da alta aristocracia face ao poder do monarca. La Rochefoucauld contemplou uma variedade grande de assuntos em suas máximas, usualmente tocadas pelo pessimismo jansenista sobre o reconhecimento do verdadeiro mérito na sociedade e metodicamente céticas sobre os reais propósitos das ações humanas, que julgava movidas frequentemente por interesses muito mais mesquinhos do que os publicamente declarados. Nesses termos, escreve com especial agudeza e ironia sobre as faltas, defeitos e vícios da gente da corte, que era parte de seu habitat. Traduzo, a seguir, algumas das suas melhores máximas sobre o tema. Se não tivéssemos defeitos, não sentiríamos tanto prazer em reconhecê-los nos outros. No comércio da vida, frequentemente agradamos mais por nossos defeitos que por nossas qualidades. Há pessoas de mérit

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