Os territórios do comer

Os territórios do comer
Walter Dendy Sadler, Sexta-feira, 1882/Galeria de arte walker em Liverpool, Inglaterra
As interpretações sobre o consumo de alimentos como um aspecto do comportamento cultural nos ensinaram que em nenhuma sociedade foi permitido comer qualquer coisa, em qualquer lugar, de qualquer maneira ou em qualquer momento. Comer no interior de um grupo sempre esteve sujeito a regras e costumes específicos em relação a todas as etapas da cadeia alimentar: produção, distribuição, elaboração e consumo. É o que Lévi-Strauss chamou de gramática culinária (A origem dos modos à mesa, Mitológicas, vol.3). Nesse sentido, o conjunto de representações, crenças, conhecimentos e práticas alimentares compartilhadas no interior de uma cultura é considerado como uma forma importante de identificação coletiva. Comer de determinada maneira nos ajuda a estabelecer fronteiras entre o próprio e o alheio: criamos noções de pertencimento ao mesmo tempo em que estabelecemos de forma mais clara as diferenças em relação àqueles que não somos. (Contreras e Gracia, Alimentación y cultura. Barcelona: Ariel, 2005). No entanto, a  “hipermodernidade alimentar” (Ascher, Le mangeur hypermoderne: une figure de l’individu éclectique. Paris: Odile Jacob, 2005) parece questionar essa leitura já que ela modifica a relação tradicional que nós estabelecíamos com o comer. Todas as regras que antes incidiam de forma mais ou menos rígida sobre as práticas alimentares agora tendem a se flexibilizar. Nós desritualizamos a comida. Por exemplo: os horários que destinamos às refeições já não são tão fixos; as companhias já não são sempre as mesmas (não com

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