Privado: O Rio de Janeiro continua sendo

Privado: O Rio de Janeiro continua sendo
Christian Dunker Janeiro no Rio. Em algum lugar entre a Confeitaria Colombo e o bar Bracarense, o garçom carioca da gema chamado Justo nos atende satisfeito e orgulhoso. O arquetípico bolinho de bacalhau desta vez contém alguns gramas de sabor a mais. Sabor de cidade libertada, mas com uma pitada de vergonha, já que o otimismo é sempre atitude politicamente suspeita. Ainda mais em terra brasilis, onde os afetos políticos pesam mais no consumo imediato do que por sua laboriosa produção. Há certo consenso intelectual, não sem motivo ou precedente, de que a expectativa de mudança vai bem com desconfiança. Aplicação às avessas da lei universal da decepção pelo consumo. Regra: o objeto, quando consumido, será abreviado da propriedade mágica que ele possuía antes de ser comprado. Propriedade encantada que se desmancha nos primeiros encontros de usos e abusos. Decepção, mal ou bem disfarçada, cujo modelo é a criança mimada às voltas com seu brinquedo novo. Tenho cá minhas dúvidas com relação a essa moral prevenida de que os sentimentos otimistas e aspirações de mudança social devem ser aniquilados por esse modelo interno de decepção calculada, que recriminamos como uma disposição infantil e cuja voz sussurra aos conformistas: é melhor desejar menos e fugir de promessas, assim a gente reduz perdas e não faz papel de bobo. O que vier é lucro. Marx pensou esse truque do ponto de vista da produção. No processo de produção de mercadorias há um fragmento de trabalho que é magicamente abreviado, transformando-se em mais-valia, disponível p

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