O que é e para que serve uma instalação
Marcia Tiburi
A palavra arte sofreu uma sobrecarga de significados em sua história e chegou – talvez por certo estranho equilíbrio que o pensamento produz para que ideias sobrevivam no tempo – a perder o seu sentido. Ninguém que seja responsável hoje ousa falar em arte sem medo de errar, de parecer démodé, de produzir mistificação, ou de falar de qualquer coisa que parece tudo e nada ao mesmo tempo. Esta vida precária da palavra arte, uma sobrevida desde que Hegel abriu a discussão sobre a morte do que está sob a palavra, faz com que muitos ou deixem o seu uso de lado ou se revoltem as consciências mais comprometidas. Talvez, moribunda, a palavra merecesse o direito à eutanásia, mas aí teríamos uma questão que não cabe avaliar agora.
Assim se pode dizer, já que algo a que chamamos de arte persiste, que houve uma morte de uma arte, a bela, houve também uma sobrevivência, a da arte para aquém ou além do belo, e hoje, o que temos de discutir é o que fazer com a palavra, se é que ela ainda pode dizer a coisa. O tempo também devora as palavras, e se não estivermos atentos a essa morte – que nem sempre é a morte da coisa que a palavra revela, podemos perder, mais uma vez, preciosos atalhos que nos fariam escapar ao lobo que, mais que o homem para o homem, é o pior inimigo deste. Refiro-me à impotência para buscar compreender e, assim, seguir com a vida. Não seguimos por instinto, não sabemos mais onde podemos colocá-lo. Seguimos porque somos capazes de continuar a produzir sentido. É isto o que significa pensar nos termos da condição
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