O que é a autonomia zapatista?
“Zapatistas” (1932), óleo sobre tela do pintor mexicano Alfredo Ramos Martínez
A autonomia zapatista, construída a partir de 1º de janeiro de 1994 em Chiapas, no sudoeste do México, constitui uma das mais notáveis experiências rebeldes contemporâneas, dada sua amplitude, persistência e radicalidade. Em meio a condições materiais particularmente difíceis, e apesar da hostilidade constante por parte dos poderes vigentes, o zapatismo instaurou uma forma de autogoverno popular em ruptura com as instituições do Estado mexicano, ao mesmo tempo que defende modos de vida que representam uma alternativa concreta à lógica capitalista dominante. Seu alcance, obviamente, ultrapassa em muito as fronteiras mexicanas.
A autonomia zapatista é fruto de uma história muito singular, impossível de resumir aqui em detalhes: levante armado em 1º de janeiro; cessar-fogo rapidamente implementado; longo período de negociação entre o governo federal e o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN), culminando nos Acordos de San Andrés, em fevereiro de 1996; desrespeito desses acordos pelo governo mexicano e massacre de Acteal por paramilitares, em dezembro de 1997; exigência de inclusão dos Acordos de San Andrés na Constituição, culminando na Marcha da Cor da Terra, em 2001; votação pelo Parlamento de uma contrarreforma indígena, desencadeando a decisão dos zapatistas de implementar de facto a autonomia. Disso resultou a criação, em 2003, de cinco conselhos de bom governo, federando 27 comunas autônomas rebeldes zapatistas. Por fim, em agosto de 2019, uma nova expansão da autonomia foi anunciada com a criação de quatro n
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