O inédito de Dumas
Chega às livrarias brasileiras O cavaleiro de Sainte-Hermine, livro de Alexandre Dumas (pai) descoberto pelo pesquisador francês Claude Schopp
Ao realizar pesquisas na Biblioteca Nacional da França no final dos anos 1980, Claude Schopp encontrou um texto intitulado “As dívidas de Josefina”. O manuscrito encontrava-se em uma gaveta, na ficha “D”, de Dumas. Após analisá-lo cuidadosamente e intensificar sua pesquisa, Schopp constatou que aquele era o primeiro de dezenas de capítulos publicados por Alexandre Dumas em folhetins franceses. Especialista na obra do escritor, Schopp ficou embevecido ao atestar a descoberta: “Me senti tão feliz como se tivesse descoberto o Eldorado. Era o derradeiro romance de Alexandre Dumas, aquele que a doença e a morte interromperam”, como comenta no prefácio da edição.
Os 118 capítulos foram escritos entre janeiro e outubro de 1869, porém o romance estava inconcluso devido à morte do autor, em 1870. Claude Schopp incumbiu-se da tarefa de dar desfecho e título ao livro. “Era a pessoa mais indicada para lidar com esta situação complexa, devido a seu extenso conhecimento e respeito pela obra de Dumas, na qual está mergulhado há décadas. Acho que ele a encaminhou de forma correta e sensata”, comenta a tradutora do romance, Dorothée de Bruchard.
O cavaleiro de Sainte-Hermine traz como protagonista o herói Hector de Sainte-Hermine, último nobre de sua família. Após a morte de seu pai e irmãos, Hector jura vingança. Em plena era napoleônica, o herói participa de diversas batalhas, como a famosa Trafalgar. Ainda que em menor grau, estão presentes as intrigas, o suspense e as histórias de amor que tanto consagraram os enredos do autor. Porém, o que mais chama a atenção é a minuciosa pesquisa histórica para compor a narrativa. “Embora toda a obra de Dumas se fundamentasse em extensa pesquisa histórica, este último livro é mais uma narrativa histórica. É mais duro, denso, tocante, e muito menos romanceado que anteriores. É uma obra magistral, fundamental, embora não tenha sido pensada para atrair os jovens leitores de Os três mosqueteiros”. Essa afirmação de Dorothée parece condizer com os propósitos de Dumas, que acreditava ser antes um historiador romanesco que um romancista histórico.
O cavaleiro de Sainte-Hermine
Alexandre Dumas
Trad.: Dorothée de Bruchard
Martins Editora
1.048 págs.
R$ 98