O fascismo e o fascistoide
O ditador italiano Benito Mussolini (Foto: Arquivo Nacional da Polônia)
Em outubro do ano passado, completaram-se 100 anos da Marcha de Roma – a mobilização de militantes fascistas que, partindo de diferentes cidades da Itália (principalmente Florença e Cremona), chegaram à capital e criaram as condições para que Benito Mussolini se tornasse primeiro-ministro, abrindo o caminho para a ditadura e, posteriormente, ao totalitarismo de direita, à aliança com Hitler, a práticas genocidas e à catástrofe da Segunda Guerra.
Por funesta coincidência, a efeméride se deu no mesmo mês no qual aconteceram, no Brasil, as eleições presidenciais que poderiam interromper a escalada rumo à autocracia daquele que, durante quatro anos, foi chamado de fascista e genocida por boa parte da oposição.
Durante esse período, muito se discutiu a pertinência conceitual de associar Jair Bolsonaro ao fascismo e de qualificar como genocídio sua omissão criminosa, seja em relação à pandemia, seja – no momento em que escrevo – em relação às calamidades sofridas pelos povos yanomami.
Genocídio é um termo que designa o extermínio intencional e sistemático de um grupo social específico. Não se aplica, portanto, às vítimas da Covid-19, que pertencem a uma população heterogênea. E pode-se dizer que as políticas sanitárias do governo passado decorreram de uma negligência homicida, foram efeito de um cínico oportunismo ou simplesmente da canalhice institucionalizada – em qualquer caso, atos criminosos passíveis de punição severa, mas não uma prática deliberada de extermínio.
Quantos aos Yanomami, as inves
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