O Condomínio Brasil
Christian Dunker (Divulgação)
“Sofrimento não é sintoma, e sintoma não é mal-estar”, escreve o psicanalista Christian Ingo Lenz Dunker, professor do Instituto de Psicologia da USP, num dos tantos torneios conceituais que fazem de seu novo livro, Mal-estar, sofrimento e sintoma: a psicopatologia do Brasil entre muros, uma reflexão marcante sobre a relação entre subjetividade, história e sociedade no Brasil.
A obra parte de uma questão metapsicanalítica – o diagnóstico – a partir da qual Dunker identifica uma proliferação discursiva que abrange outras práticas e outras áreas do saber, constituindo uma forma de lidar com nossas “narrativas de sofrimento” que abdicou de compreender sua singularidade (tal como o faz a psicanálise) para se limitar a gerir o mal-estar que lhe está na origem.
E a ideia da gestão da tríade mal-estar/sofrimento/sintoma, por sua vez, conduz ao cerne do livro e à metáfora que o percorre: o condomínio, como projeto urbanístico que materializa todo um imaginário de proteção, exclusão e bem-estar, mas que é também uma forma de vínculo social que produziu novas figuras da Lei (o síndico gestor do gozo) e novos sintomas, dentro da lógica do condomínio e da gestão.
O livro inclui ainda um capítulo dos mais ousados, do ponto de vista historiográfico, sobre a implantação da psicanálise no Brasil e sobre como ela se relacionou com os discursos sobre a identidade nacional. Dunker investiga o esgotamento desse discurso e seu impacto nas práticas psicanalíticas, na “metadiagnóstica social do mal-estar na brasilidad
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