O censor e o perito

O censor e o perito
Foto do autor na edição de 1977 de “Em câmara lenta” (Reprodução/Editora Alfa-Omega)
  A nova edição de Em câmara lenta, de Renato Tapajós, recoloca em circulação não apenas um dos romances mais importantes sobre o período do regime militar brasileiro como também dois textos que, escritos à margem da obra (como peças de acusação e defesa), dão ao volume publicado pela Carambaia um interesse redobrado – e com efeitos irônicos. Trata-se da terceira edição de um livro que, lançado originalmente em 1977, só havia tido uma reedição, em 1979. Preenche, portanto, uma lacuna bibliográfica de 45 anos, incompreensível diante da importância histórica e da força literária da obra de Tapajós, que aos 80 anos é um atuante diretor de cinema, tendo realizado em 2016 o filme Esquerda em transe. Além do romance propriamente dito, o volume inclui uma entrevista com o escritor, riquíssima em informações sobre o modo como redigiu Em câmara lenta na prisão, onde permaneceu de 1969 a 1974, acusado de subversão. A entrevista foi realizada especialmente para a publicação pelos editores da Carambaia, Graziella Beting e Fabiano Curi, além do pesquisador e tradutor Jayme da Costa Pinto, que também assina o posfácio “A força da forma”. (Diga-se, entre parênteses, que o fato de o posfaciador e este colunista terem o mesmo sobrenome não é coincidência: somos primos em primeiro grau, o que torna o presente texto a mais genuína expressão de nepotismo, embora a meu ver benigna – como poderá comprovar quem tiver a sorte de ler qualquer dos livros organizados e traduzidos de forma exímia por Jayme para a própria Caram

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