O caso Danton

O caso Danton
Gerard Depardieu em Danton, de Andrezj Wajda (Divulgação)
  Pouco antes de passar a escrever esta coluna na CULT, participei da extinta seção “Meu Filme de Formação” indicando Danton – O processo da Revolução, de Andrzej Wajda, como obra que considero fundamental – e que de quebra, acrescento agora, convida a descobrir uma escritora praticamente desconhecida por aqui: a polonesa Stanislawa Przybyszewska (pronuncia-­se “stanissuava psibichévska”). A escolha de Danton pode soar estranha: esteticamente, o diretor não chega a ser um renovador, embora tenha realizado filmes de mise­-en-­scène incomum – como Kanal (1956), que se passa na rede de esgotos da Varsóvia ocupada pelos nazistas, ou Terra prometida (1975), que descreve a dinâmica predatória do capitalismo numa atmosfera de opereta ou grand guignol. A política dá o tom da cinematografia de Wajda, igualmente crítico da desfaçatez financeira e do regime comunista – seu último grande filme, Katyn (2007), destrincha a farsa soviética que atribuiu aos nazistas um massacre em massa de oficiais poloneses na Segunda Guerra (entre eles estava seu pai). Mas o ponto forte do cineasta está menos na denúncia do que no desmonte dos mecanismos mentais totalitários, em que a adesão apaixonada a ideais abstratos recalca as contradições do homem concreto, derivando para deformidades morais. É assim com o grupo de niilistas de Os possessos (1988), adaptação de Os demônios, de Dostoiévski; e é assim, sobretudo, com Danton. O filme é livremente baseado em peça de sua compatriota Stanislawa Przybyszewska, que o próprio Wajda diri

Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »

Artigos Relacionados

TV Cult