Nós, o falo e a escuta
Psicanálises e feminismos têm se modificado, tanto com o impacto das suas práticas, quanto com a abertura de novas questões (Arte Andreia Freire)
São muitos os pontos de contato e de tensão entre as teorias feminista e psicanalítica. De uma e de outra pode-se dizer que há pluralidades de pensamentos, escolas e autores(as) que impedem a estabilização de ambas num conjunto único de postulados cientificamente aceitos. Teoria psicanalítica e teoria feminista compartilham como problema comum estarem ligadas a uma prática – clínica e política – e a centralidade das diferenças sexuais que produziu, e em alguns casos ainda produz, dificuldades de escuta de parte a parte. É verdade que muitas dessas indisposições podem ser identificadas como má vontade, equívocos de leitura e mesmo circunstâncias políticas desfavoráveis. Há momentos distintos de recepção das teorias em cada período histórico e em contextos locais mais ou menos conflagrados. Basta lembrar, por exemplo, as consequências, no movimento de mulheres da segunda onda feminista no Brasil dos anos 1970, da denúncia de que o psicanalista Amílcar Lobo atuava nos porões da tortura do regime militar. Como abordagens teóricas relativamente jovens, psicanálises e feminismos têm se modificado, tanto com o impacto das suas práticas, quanto com a abertura de novas questões, a entrada em cena de pensadores e pensadoras em diferentes lugares – geográficos ou simbólicos – e revisões e transformações em curso.
A análise se dá muitas vezes entre aquilo que se diz e aquilo que se escuta, por isso escolhi discutir alguns dos significantes e sintagmas em que identifiquei ruídos que me parece terem acontecido no percurso en
Assine a Revista Cult e
tenha acesso a conteúdos exclusivos
Assinar »