Neocafonismo
Supercarwaar/Wikimedia Commons
Provavelmente o adjetivo cafona venha do italiano cafone, pelo qual se designa algo humilde, pobre, ultrapassado, fora de moda, mas, sobretudo, a imposição de um efeito totalmente fora de lugar, por meio de roupas e acessórios usados por uma pessoa visando apresentar o que, em sua visão de mundo, seria um estilo. Não importa se a roupa ou o acessório são verdadeiros ou falsos, o que importa é a relação com o poder em jogo, a saber, o econômico, no instante da sua transformação em imagem.
Cafonas vivem a cafonice enquanto relação com o standard do que se considera “rico”, ou seja, como representação estética da classe social abastada, a que está no topo da cadeia mimética que organiza uma sociedade de classes, tendo em vista classes culturais. O cafona é imitação no sentido de fazer alguém parecer com aquilo que não é, mas também com aquilo que alguém realmente é. Cafona é sempre um corpo vestido, ou produzido, para gerar um efeito integrado ao sistema de classes enquanto sistema estético. Há cafonice para todos, pois não há quem escape, em algum momento, de forçar a imposição de um padrão de riqueza para alcançar um estilo que é, na pirâmide estético-social, de cima para baixo, uma representação de poder.
O cafona é o estilo da falta de estilo, que tem no “rico” seu padrão de formalização. Essa formalização implica a colocação em forma estética daquilo que são códigos econômico-políticos, mas também códigos sexuais, de gênero e raça. Em termos simples, isso significa que, por trás de todo
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