Necropolítica e psicanálise: uma oportunidade de atualização

Necropolítica e psicanálise: uma oportunidade de atualização
Detalhe da tela “O triunfo da morte” (1562), de Pieter Bruegel, o Velho
  Necropolítica ou necropoder é um conceito forjado pelo filósofo Achille Mbembe com base em suas articulações entre o modo como Michel Foucault pensou a relação de biopolítica e racismo de Estado e a sua própria percepção a respeito da raça como uma forma de segregação, construída social e politicamente a partir de um fundamento tido como biológico. Trata-se de um desdobramento daquilo que Foucault havia começado a desenvolver nos seus cursos dos anos 1970 (Em defesa da sociedade, Segurança, território, população e O nascimento da biopolítica), a fim de pensar as transformações nos modos de poder desde os Estados soberanos até os Estados modernos. No que ele chama de poder soberano, cabe ao governante exercer o seu poder com base no axioma “fazer morrer, deixar viver”, em que execuções e mortes são instrumentos de confirmação do poder. Já nos Estados modernos, um conjunto de métricas se estabelece para quantificar e controlar a vida, o que leva Foucault a inverter o axioma para “fazer viver, deixar morrer”, sendo os mecanismos de controle e incremento da vida o modo de governo e gestão da população governada, e o “deixar morrer” os sinais de que esse tipo de gerenciamento depende, para funcionar, da discriminação entre as vidas que serão alvo das políticas de proteção e das que serão relegadas ao abandono, em uma justificada distribuição de recursos voltados para as formas de vida consideradas mais viáveis. Ao recuperar esses argumentos de Foucault, Mbembe acrescenta a ideia de que a biopolítica como gestão d

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