O renascimento do mundo pelas mulheres fálicas

O renascimento do mundo pelas mulheres fálicas
Afresco executado entre os anos de 50 e 1 a.C., encontrado na cidade de Herculano, na Itália (Lohana Gomes, Gary Todd)
  Há algum privilégio na perspectiva marginalizada Para além do lugar de fala, pode a mulher ter falo? Meu interesse pelo tema remonta à infância (enquanto uma criança de trejeitos femininos tida, no linguajar da época, como “transviada”), desde os primeiros contatos com a mitologia greco-romana, por meio de imagens em antigas enciclopédias que ilustravam figuras andróginas em uma variedade de representações, como a divindade Hermafroditos (‘Eρμαφρόδιτος), que, por milênios, representou pessoas atualmente reconhecidas como intersexo. Porém, o imaginário social, e por consequência artístico, não se restringia a estas, abrangendo também pessoas que não se reconheciam como pertencentes ao gênero que lhes foi atribuído ao nascimento, particularmente mulheres trans e travestis, como são nomeados hoje. Minhas primeiras experiências sexuais, aos 12 anos, foram vivenciadas com leveza e uma sensação de empoderamento pessoal, contrárias aos discursos correntes na vizinhança, de que eu era inferior, quase abjeta, porque “dava fácil” ou “seduzia” os meus colegas, os quais, por terem performance ativa, não deixavam de ser vistos como “garanhões” tementes à natureza e senhores do mundo. Mas, parafraseando Lélia González, este lixo iria colocar o pé na estrada e a boca no mundo, numa boa. Instrumento musical de sopro, feito de cerâmica, feminino e fálico. Acervo da Coleção Tapajônica do Museu Paraense Emílio Goeldi, em Belém Ser uma pessoa marginalizada em função da minha performance de gênero acarre

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