Milton Guran: ‘O Cais do Valongo está abandonado’
O antropólogo Milton Guran, coordenador da candidatura do Cais do Valongo ao título de Patrimônio Mundial (Foto: Luís Costa)
O maior porto escravagista da história das Américas – por onde se estima que um milhão de escravos desembarcaram entre os séculos 18 e 19 – foi redescoberto em 2011, durante escavações para a revitalização da região portuária carioca, e elevado à condição de Patrimônio Mundial pela Unesco em julho de 2017. Com um imbróglio envolvendo o prédio em que deveria ser instalado o Museu da Diáspora, o complexo arqueológico deixa de cumprir um dos requisitos acordados com a agência da ONU no dossiê de candidatura. “A interpretação mais clara é a de que não há interesse da prefeitura e do governo federal de que a titulação do Valongo produza um efeito transformador”, diz Guran. “A candidatura foi proposta dentro de um projeto de valorização da cultura de matriz africana e é isso que está sendo esvaziado.”
Um ano depois do título de Patrimônio Mundial pela Unesco, qual é a situação do Cais do Valongo?
Milton Guran A candidatura é dos governos federal e municipal anteriores. Quando o governo Temer e a administração Crivella tomaram posse, o jogo já estava jogado. Desde então, o cais está abandonado. Não há nenhuma proteção, não há vigia nem iluminação, nem uma plaquinha simples dizendo assim: “Em julho de 2017, o Cais do Valongo se tornou Patrimônio da Humanidade”. Eu não estou falando de sinalização, mas de uma simples placa. A sinalização que tem é velha, de dois ou três anos, e está caindo aos pedaços. Tem morador de rua lá dentro. O prédio em frente, o Docas Pedro II, construído pelo And
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