Privado: Masoquismo hoje

Privado: Masoquismo hoje
Marcia Tiburi A expressão “sadomasoquismo” é uma das tantas que migram do ambiente especializado das ciências humanas ou sociais para o senso comum cotidiano. Composta de dois conceitos opostos, no campo das ciências mentais e psicológicas a construção do termo sadismo-masoquismo nasce com Freud, mas depende das primeiras formulações de Krafft-Ebing e Havelock Ellis, que ainda separavam os termos sadismo e masoquismo, ainda que tenham percebido ser possível relacioná-los. Ao referir-se ao sadismo e ao masoquismo, Freud é praticamente dialético: o sádico é um masoquista, o masoquista é um sádico. Ainda que prevaleça um ou outro dos caracteres na expressão pessoal de cada indivíduo, são estruturas mais do que complementares. São íntimas. Assim, no âmbito do senso comum que adapta informações conforme as possa usar, temos as expressões sádico, para falar de alguém que sente prazer em provocar dor em outrem, e masoquista, para expressar a existência de um prazer em sentir dor. A simplificação é forte, mas não deixa de guardar o cerne da questão. O x da questão No entanto, a pobreza desse pensamento não atingiu jamais o x da questão e, por isso, surgiram opositores tanto à convenção psiquiátrica quanto ao senso comum que a traz ao rés do chão. É fato que não é possível falar hoje em sadismo ou masoquismo fora do debate criado nesse campo; no entanto, não podemos deixar de lado que essas questões, ainda que psiquiátricas e/ou psicanalíticas, são, antes de mais nada, questões literárias. Se a questão do campo

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