Práticas e experiências contra-hegemônicas: tecnologias afetivas e construções familiares nas masculinidades

Práticas e experiências contra-hegemônicas: tecnologias afetivas e construções familiares nas masculinidades
Laerte (originalmente publicada na Folha de S.Paulo em 28/6/2018)
  Neste debate sobre “Gênero e suas disputas: com quantas teorias se faz o gênero?”, a pluralidade de concepções das masculinidades numa perspectiva interseccional é urgente, uma vez que ainda são poucos ou quase inexistentes as discussões, as reflexões e os estudos sobre outras masculinidades. Vivemos em uma sociedade em que predomina um tipo ideal de masculinidade que gira em torno de um padrão hegemônico mais conhecido como masculinidade branca, cisgênero, heterossexual, em que o homem é magro, cristão, de classe média-alta, bem-sucedido econômica e profissionalmente, um “self-made man”, também na ideia do “homem perfeito e/ou homem divino” dotado de poderes e privilégios, ou, como já dizia Simone Ávila, cujo padrão de masculinidade mais valorizado “é o que está mais associado à autoridade e ao poder, e que, a longo prazo, garante o privilégio coletivo dos homens”. Social e culturalmente no Ocidente, esse é o modelo único e predominante da ideia de homem e de masculinidade. Outras práticas e outras experiências são lidas e tidas como “desviantes, menos homem e/ou não homem”, mas são essas identidades e corporalidades lidas e tidas como desviantes, menos homem e/ou não homem as transmasculinidades às quais vou me ater neste texto, que desafiam as normas e a ideia hegemônica de masculinidade. Estas se relacionam, como escrevem Camilo Braz e Érica Souza, “às perspectivas que tomam os corpos, e os marcadores sociais de diferença que os materializam performativamente e contextualmente, como efeitos de dispo

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