Karl Marx: O tormento de Sísifo da avareza

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Karl Marx: O tormento de Sísifo da avareza
O filósofo e sociólogo alemão Karl Marx (Wikimedia Commons)
  Sob o nome de “entesouramento”, a prática da avareza comparece já no começo de O capital, de Karl Marx. Mais do que um afeto, ela cria, para Marx, uma típica “paixão”, levando o entesourador ou avarento a uma repetição obsessiva, da qual não consegue, e talvez nem queira, escapar. De fato, essa paixão só é compreensível se definida no quadro de uma situação social específica: a troca de mercadorias, em que o dinheiro, de início, é apenas o meio adequado para o intercâmbio entre produtores privados e seus produtos. Para explicar a dinâmica dessa situação, Marx formula um de seus conceitos mais importantes e conhecidos, o de “fetichismo”. Em geral, por “fetichismo” designa-se o poder mágico de coisas sobre pessoas. Marx adota o termo para descrever um tipo de sociedade na qual os indivíduos são proprietários privados independentes uns dos outros na esfera da produção e só se relacionam porque são mutuamente dependentes na esfera da troca de seus produtos. A relação social entre eles aparece, por isso, como uma relação das coisas que trocam, isto é, de coisas entre si. Tais coisas, as mercadorias, se revestem de um poder oculto que chega a presidir a aptidão de trabalho e os desejos de consumo dos membros da sociedade mercantil, sem permitir que eles percebam a origem desse poder na forma de organização social específica em que vivem. Se a mercadoria já manifesta um caráter mágico, o dinheiro o fará em intensidade muito maior. Como meio de compra e venda, o dinheiro confere a seu possuidor a capacidade de adqu

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