Manaus em agonia e a noite do antibolsonarismo
Os manauaras implorando para respirar foi o gatilho para a maior unanimidade já vista sobre o fato de Bolsonaro ser maligno (Foto: Bruno Kelly)
É muito difícil determinar exatamente em que momento surge ou se consolida uma mudança importante nos sentimentos, avaliações e opinião do público. Às vezes, contudo, há um evento que funciona como marco do momento em que as coisas, como se diz, começaram a azedar para um lado político, ou quando os ventos, de repente, iniciaram a soprar favoravelmente ao outro lado.
O fim da sensação de que se estava bem com os governos do PT, por exemplo, tem um marcador físico naquele junho de 2013 quando os brasileiros decidiram que precisavam “consertar o país”. Outras inflexões ou reviravoltas importantes, por outro lado, localizam-se de forma aproximada. O antipetismo que vem esculpindo votos, sentimentos e comportamento político há uma meia dúzia de anos há de ter-se consolidado no meio da corrida presidencial de 2014, mas há quem localize o recrudescimento dessa atitude apenas no final de 2015, ou quem já o tenha visto, viçoso e parrudo, no final de 2010. E a extrema-direita como atitude e sentimento político começaria com o bolsonarismo, em 2016, consolidando-se no rescaldo da eleição de Trump, ou já deveria ter sido vista na eleição de Marco Feliciano para presidente da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados em março de 2013? Ou em fevereiro de 2015, quando Eduardo Cunha foi eleito, em primeiro turno, presidente da Câmara?
Pois bem, alguma coisa aconteceu na noite de 14 de janeiro e nos dias que se seguiram. Enquanto Manaus sufocava e o resto do Brasil era todo compaixão, revolta e lágrimas, consolidou-se a
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