Pessoas LGBTQIA+ pelo direito ao luto: Uma contenda de aparência interminável
Protesto em comissão da Câmara dos Deputados que aprovou a tramitação do fim do casamento homoafetivo, em outubro de 2023 (Lula Marques/Agência Brasil)
“A perda de algumas vidas ocasiona o luto; de outras, não; a distribuição desigual do luto decide quais tipos de sujeito são e devem ser enlutados, e quais tipos não devem; opera para produzir e manter certas concepções excludentes de quem é normativamente humano: o que conta como uma vida vivível e como uma morte passível de ser enlutada?”
Judith Butler, Vida precária: Os poderes do luto e da violência
Na contemporaneidade, a sexualidade é uma questão: ela incomoda, traz desconforto, escandaliza, é posta em local de reclusão. Para muitos, a temática do sexo é sinônimo apenas de capacidade de reprodução. Temas como prazer, descoberta, tesão, formas inventivas de viver a sexualidade são tabus que não devem ser ditos (nem sequer pensados). É curioso olharmos para o nosso passado e depararmos com o fato de que ele já foi composto por roupagens diferentes, livres, sendo conectado com a possibilidade de novas descobertas e uma prática que não era rodeada por silenciamentos.
Em nossa realidade aqui no Brasil, não são raras as vezes que tentam deslegitimar os discursos de pessoas LGBTQIA+. Para ilustrarmos tal afirmativa, podemos recorrer às lamentáveis reações direcionadas à própria sigla, que busca contemplar a diversidade de manifestações de sexualidade e identidade de gênero. É comum encontrarmos comentários na internet (espaço que se tornou verdadeiro palco para manifestações de ódio e preconceito) que afirmam tratar-se de uma “bobagem” ou “apenas uma sopa de letrinhas”.
Quando refletimos sobre quais vidas e dores
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