Estar em sala de aula e lutar pela educação é um ato político

Estar em sala de aula e lutar pela educação é um ato político
(Arte Revista CULT)

Por Virginia Laurindo dos Santos

Falar sobre educação remete ao pensamento de Paulo Freire em Pedagogia do oprimido: “ninguém educa ninguém, ninguém educa a si mesmo, os homens educam entre si, mediatizados pelo mundo”. Nesse lugar de fala, ocupo o espaço daquela que foi e ainda é estudante do Ensino Público brasileiro, desde a antiga 4ª série ─ atual 5º ano ─ passando pelo Ensino Médio, pré-vestibular, Graduação e Pós-Graduação.

Na graduação, escolhi viver para a educação, por isso, sou professora. Analisando o caminho que percorri até aqui, percebo o quanto já ganhamos em relação aos investimentos e valorizações, porém sabendo que ainda falta muito para alcançarmos 100% do que precisamos para sermos um país desenvolvido em termos educativos.

Aprendi com os professores que passaram pela minha trajetória ─ uma delas é culpada pela minha escolha profissional ─  e aprendo com os que estão no meu dia-a-dia a ir além da prática “bancária” ─ aquela em que são depositadas as informações no indivíduo a fim de fazê-lo apenas memorizar, sem que haja um chamamento ao educando para conhecer ─, mas promover uma educação libertadora que faz com que o sujeito questione, problematize e fale sobre as suas experiências.

Quando pisei pela primeira vez em uma sala de aula, assumindo o papel de professora/educadora, (re)prometi o que jurei ao pegar o meu diploma: viver de fato a prática do ensino-aprendizagem com o qual eu não só ensino, mas também aprendo. Desse modo, segundo o que disse Paulo Freire, “o diálogo é este encontro dos homens, mediatizados pelo mundo, para pronunciá-lo, não se esgotando, portanto, na relação eu-tu”. (FREIRE, 1987).

Escolhi lembrar aqui que a educação é a todo o tempo prática para a liberdade. Dessa forma, optei por abordar as minhas experiências, porque por meio delas me aproximo do que significa a educação verdadeiramente. Diante do que vemos sobre a forma como ela é tratada, e por ainda termos um Estado que não investe com seriedade a fim de tornar o seu povo conhecedor da sua história, entre outros aspectos, é urgente a necessidade de mostrar que a educação resiste e vai resistir, e que ela é muito mais do que as críticas que surgiram atualmente no nosso cenário político.

Educar vai além do que eu digo aos meus alunos sobre não utilizar crase diante de palavras masculinas. É lembrá-los todos os dias que é preciso romper estruturas. E é com a educação, essa que liberta e produz o pensamento criativo, que conseguiremos. Logo, estar em sala de aula, falar sobre a educação e lutar por ela é um ato político. Não o político-partidário, mas aquele que quer ver e provoca mudanças.

Virginia Laurindo dos Santos, 24, é professora licenciada em Letras-Português/Literaturas pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, pós-graduanda em Língua Portuguesa pelo Liceu Literário Português

 

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