Luta e/é transformação

Luta e/é transformação
Trabalhadores lavrando o solo no caracol (Foto: Visual Search)
  No primeiro número da revista Amauta, fundada por José Carlos Mariátegui nos anos 1920, o texto que a inaugura, “Tempestade nos Andes”, de Luis Eduardo Valcárcel, profetiza que a revolução peruana virá dos Andes, no encontro entre a rebeldia indígena latente e o Lênin que não tardará a surgir. “Somos produto de 500 anos de luta”, abre a primeira declaração da selva lacandona. Realiza-se, mais ao norte, com a irrupção zapatista de 1994, essa predição? Sim (uma vanguarda ativou uma insurreição indígena) e não (isso só foi possível porque ela desistiu da missão original). O então subcomandante Marcos conta a chegada ao sudoeste mexicano, em 1983, de um grupo extremamente reduzido que compunha o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN): seis pessoas, metade mestiza e metade indígena. Superam certas barreiras – para quem vinha da cidade, desconfianças e a falta de intimidade com o novo meio – e, ao se fundirem à montanha, estabelecem relações com as comunidades. Estando recolhidos num setor não habitado, lugar de mortos, fantasmas e tantas histórias da floresta, o grupo adentra na bruma e começa a se transformar. Instalam-se em uma comunidade, que consiste no primeiro lugar “tomado” pela guerrilha. Ao chegar do monte, certo respeito é conquistado, pois viviam ainda pior que os camponeses do pedaço, que começam a ouvi-los. Daí, conta Marcos, iniciam seus discursos políticos, de acordo com o bom repertório marxista-leninista, isto é, citando o “imperialismo”, a “crise social”, a “correlaç

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