Do livro como experiência à vida como experimentação

Do livro como experiência à vida como experimentação
O filósofo francês Michel Foucault (Reprodução)
  Em uma entrevista de 1980, Foucault diz que seus livros são para ele experiências no sentido pleno da palavra, já que deles ele próprio saiu transformado. Uma experiência, portanto, poderia ser definida a partir desse crivo: trata-se de uma transformação do sujeito. Um livro concebido como uma experiência é algo que transforma aquele que o escreve e aquilo que ele pensa, antes mesmo de transformar aquilo de que trata. Foucault confessa que os autores que mais o marcaram não foram os grandes construtores de sistema, mas sim aqueles que lhe permitiram escapar precisamente dessa formação universitária, isto é, aqueles para quem a escrita era uma experiência de autotransformação, tais como Nietzsche, Bataille, Blanchot. Ora, o que esses autores deram a Foucault de tão essencial, mesmo sendo marginais no que se costuma entender por história da filosofia? Precisamente uma concepção de experiência como uma metamorfose, uma transformação na relação com as coisas, com os outros, consigo mesmo, com a verdade. Foi o que ocorreu no estudo dos grandes objetos pesquisados por Foucault, como a loucura, a delinquência, a sexualidade – todos os livros escritos a respeito resultaram em uma transformação profunda na relação que o autor, o leitor, enfim, o próprio tempo de Foucault se viu impelido a ter com esses domínios. Em que, contudo, a noção de experiência evocada por Foucault difere daquela formulada pela fenomenologia? Se a experiência do fenomenólogo consiste em pousar um olhar reflexivo sobre um objeto qualquer do vivido, sobre o c

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