Meu filme de formação: Eugênio Bucci

Meu filme de formação: Eugênio Bucci
Antonio Pitanga, Milton Gonçalves, Wilson Grey (em pé, a partir da esquerda) e Jean-Claude Bernardet (sentado, de óculos): narrativas “erradas”
  “Difícil dizer assim qual o filme da vida da gente, como a CULT nos pede. Mais que difícil, impossível. No máximo, posso falar de um ou outro, como de Ladrões de cinema, que me marcou bastante quando eu estudava na ECA-USP. Lembro bem que Jean-Claude Bernardet, que era nosso professor, está no elenco, mas não foi por isso que tenho em tão alta conta essa comédia de Fernando Coni Campos, lançada em 1977. A razão é outra. A história nos propõe uma metáfora poderosa: uma equipe de cinema americano sobe à favela do Pavãozinho, armada de equipamentos de cinema até os dentes e, lá em cima, sofre um assalto. A parafernália desaparece – e os americanos se mandam. O pessoal da favela, de posse de tanta e tão pesada tecnologia, decide fazer um filme sobre a Inconfidência Mineira. Como figurino, adotam as fantasias usadas na escola de samba e aí, a partir disso, como no ‘Samba do crioulo doido’, ‘ficou resolvida a questão’. Essa metáfora é a razão do meu vínculo afetivo, mais que intelectual, com Ladrões de cinema. O enredo do filme de favela (o filme dentro do filme, claro) nos remete explicitamente ao ‘crioulo doido’ de Sérgio Porto, mas há outras referências estéticas a reforçar a nossa metáfora. Para começar, o filme dialoga de perto, conscientemente ou não, pouco importa, com a reflexão crítica que via ‘as ideias fora de lugar’ (Roberto Schwarz): embora não tenham a menor familiaridade com as câmeras importadas (as ideias vindas de longe) e com as receitas da decupagem clássica (o discurso dominante, talvez),

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Novembro

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