Privado: Ladainha

Privado: Ladainha
Por que a filosofia se temos a publicidade. Por que a metafísica se nos atrai a metempsicose. Por que o horizonte se nos devora a regressão. Por que a política se nascemos para a demagogia. Por que a ética se nos diverte a política. Por que a estética enquanto jogamos na Bolsa. Por que a lógica se nos basta a bruxaria. Por que a moral. Por falar nisso. Por que a moral. Por que o compromisso. A palavra. O fio de prumo. A hesitação do gesto se nos completa o esgar inclemente: o embriagado rumo: o olho funesto. Por que a literatura. Basta a alta-costura. Ficção com a nua armadura do cio. Por que a música. Melhor nos serve o grito (jamais lírico ou com brio). Um estertor. Uma agonia. Exame de consciência. Ou tour. Por que ir ao Louvre se já fomos ao Carrefour. Por que a esperança. A esperança putrefata e santa. Dançaremos rock na sua campa. Por que o epitáfio se nada merecemos além da errata. Trecho do livro A Lira de Malavolta Casadei, Prêmio Paulo Mendes Campos para poesia inédita, UBE-Rio, 2005. Mafra Carbonieri, um dos vencedores do 1º Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira (2000), sob o patrocínio da revista CULT, é candidato à vaga do poeta e ensaísta Mário Chamie na Academia Paulista de Letras. É autor, entre outros, de O Motim na Ilha dos Sinos, da coletânea de poemas A Lira de Orso Cremonesi, dos infantis A Flauta Lógica, O Menino de Letras, Absurdo Mundo e do inédito Peripécias.

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