Ideologia oculta

Ideologia oculta
(Arte Andreia Freire)
  Aprendemos a separar corpo e alma, espírito e matéria, pensamento e ação, feminino e masculino, brancos e pretos, oriente e ocidente, centro e periferia. Não há nenhuma justificativa lógica ou ética suficiente para sustentar essas separações. Elas são meras classificações produzidas ao longo dos séculos por processos hermenêuticos. Devemos considerar a hipótese de que haja motivações ideológicas para que sejam sustentadas. Por meio dessas separações que opõem algo de positivo e algo de negativo se garante a divisão do trabalho como a verdade profunda de um sistema que define que uns serão privilegiados em detrimento de outros. Ricos em relação a pobres, homens em relação a mulheres, brancos em relação a pretos, europeus a não europeus, e assim por diante sempre em conformidade com exigências ideológicas em vigência dentro do sistema de interesses. A sustentação ideológica mascara a verdade e sustenta a docilidade dos prejudicados. Trabalhadores em geral, operadores das mais ingratas tarefas ao longo de sua vida útil são vítimas da descartabilidade, quando seus corpos já não servem para o fim a que foram destinados pela ideologia em ação. Essa ideologia primeiro os marcou como úteis, depois como objetos descartáveis. A descartabilidade depende da marcação produzida pela ideologia: em que mulher/preto/pobre se justapõem. No Brasil de hoje, a exemplo de outros países do mundo, os trabalhadores perdem seus direitos e são jogados à mercê da vida e da morte quando se tornam incapazes de trabalhar por falta de condiç

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