Implicações e teorizações dos usos das IA generativas na educação
“Visões do ano 2000”, gravura francesa de 1910 de Villemard (Imagem: Reprodução/ Bibliothèque Nationale de France)
As tecnologias digitais em rede já vinham reconfigurando radical e irreversivelmente as práticas de aprendizagem-ensino, a tal ponto que hoje nosso sistema educacional superior é realizado majoritariamente à distância. Agora, com a chegada do ChatGPT e outras IA generativas, uma nova e profunda transformação está em curso, e ela não se limitará ao ensino superior, atingirá também o ensino médio e tem potencial para se enraizar até o fundamental. Queremos refletir sobre suas implicações em nosso mundo, mais especificamente no mundo da educação, compreender o lugar dessas tecnologias e o nosso lugar para que possamos inventar modos de coabitar o mundo com elas.
De nossas conversas e pesquisas com professoras e professores, destaca-se o receio de que o ChatGPT seja utilizado para fazer as atividades e os trabalhos escolares e universitários pelos estudantes. O plágio não é uma novidade, mas agora alcançou um novo patamar. Os receios são pertinentes, a situação é grave. Contudo, em vez de temermos ou, pior, proibirmos o seu uso numa vã tentativa de manter a educação como estava antes da criação dessas tecnologias, devemos nos questionar sobre como a educação poderá ser reconfigurada considerando o uso cada vez mais disseminado das IA generativas. No passado, aprendemos a realizar os trabalhos escolares transcrevendo ou parafraseando textos da enciclopédia; hoje esperamos que o ChatGPT impulsione a reconfiguração dessa e outras práticas didático-pedagógico-curriculares que já eram despropositadas antes dele.
De nossas conversas
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