A Inteligência Artificial pode representar as emoções humanas?

A Inteligência Artificial pode representar as emoções humanas?
“16 rostos expressando as paixões humanas” (1821), gravura de J. Pass baseada em desenhos de Charles Le Brun (Imagem: Wellcome Collection)
  A emoção é o que nos diferencia das máquinas. Essa frase estabelece uma clara divisão entre humanos e Inteligência Artificial (IA), especialmente agora que modelos generativos superam alguns aspectos cognitivos humanos. Se antes falávamos que a máquina jamais seria capaz de criar um poema, agora esse argumento não cola mais. O jeito é dizer que a máquina até pode criar, mas que não consegue contemplar a sua própria criação porque não é capaz de sentir. As máquinas não têm emoções que colorem a existência, alguém poderá dizer. Durante séculos, pensadores abraçaram a ideia de que a razão deveria ser o guia principal de nossas ações, temendo que a emoção, ao entrar em cena, pudesse comprometer nosso discernimento mais apurado. O conceito de Homo Economicus influenciou o pensamento das ciências sociais econômicas ao definir os humanos como agentes estritamente racionais com objetivos de sempre otimizar seus ganhos. É um paradigma que ainda influencia a cultura ocidental, apesar de muitas evidências científicas demonstrarem que isso não passa de uma falácia. A verdade é que a emoção não é inimiga da razão. Os trabalhos do neurologista António Damásio representaram um marco na ciência ao desafiar a visão dualista entre razão e emoção. Seu famoso livro O erro de Descartes (1994) teve um papel essencial ao disseminar a relevância das emoções nas tomadas de decisão e na moldagem da personalidade individual. E ele não estava sozinho. Outros pesquisadores demonstraram, baseando-se em diferentes áreas, como neur

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