A história do Dalton Trevisan
Ilustrações de Poty (Reprodução)
George Harrison estava no auge de sua carreira, tocando balalaica na frente do espelho, e eu tinha dez anos de idade e os pais do George Harrison estavam começando a se separar e havia umas brigas no meio da noite, uns gritos, uns choros de mãe e, no cinema, em Belo Horizonte, estava passando Guerra conjugal, do Joaquim Pedro de Andrade, e passava o comercial do filme, na televisãozinha em preto e branco lá de casa, que aparecia uma mulher de camisola, a calcinha de 1975 aparecendo, e o George Harrison pensava muito em mulheres de calcinha, naquela época. E, numa noite, os pais do George foram ao cinema assistir Guerra conjugal e o Carioquinha ficou em casa jogando basquete, jogando uma bola de borracha num balde de plástico, com aquela televisão em preto e branco ligada, o time de basquete do Brasil, aquele com o Marquinhos, o Ubiratã, o Adilson, o Marcel, o Hélio Rubens e o Carioquinha, e, no dia seguinte, eu fiquei perguntando para a minha mãe sobre a guerra conjugal e a minha mãe ficou deixando pra lá, que era coisa de casamento que ela não ia saber explicar direito. Mas tinha o livro do Dalton Trevisan na estante de livros lá de casa e o George Harrison foi lá, pegou o livro e foi lendo.
E o George até já tinha feito aquelas brincadeiras que as crianças fazem, atrás do muro lá do prédio, e a mãe do George até já tinha mostrado a ele aquele livro De onde vêm os bebês, com a abelhinha espalhando o pólen, o galo montando na galinha, o cachorrinho botando o pipi dele no popô da cachorrinha e depois nascendo uns cachorrinhos fofinhos e
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