Dossiê | Freud explica? A história da psicanálise no Brasil

Dossiê | Freud explica? A história da psicanálise no Brasil
Poderíamos falar de um triunfo da psicanálise no Brasil? (Foto: Domínio Público)
  “Causa-me grande satisfação a prova de interesse que a nossa psicanálise vem despertando no seu distante Brasil” Freud para Osório César “Quão notável que no distante Brasil nasça de repente um movimento psicanalítico pronto, com divulgação em toda sociedade e naturalmente alguma oposição. Esta última não deve faltar.” Freud para Porto-Carrero   Passaram-se mais de cem anos desde que Freud escrevia a seus correspondentes, com notável tom de surpresa, sobre o nascente movimento psicanalítico no Brasil. Pode parecer pouco provável que o projeto internacionalista de expansão da psicanálise ao sul do equador tivesse sido previamente planejado. Menos provável ainda que ele encontraria no distante Brasil um solo tão fértil, mas nem por isso pouco acidentado. Desde os primeiros momentos de implantação, com uma assimilação sui generis à causa higienista da nossa intelectualidade psiquiátrica pós-abolição, passando pela formação institucionalizada da psicanálise impulsionada pelo governo JK, até o paradoxal boom da psicanálise na ditadura militar, temos um arco histórico profundamente complexo e frequentemente contraditório, que retiraria a psicanálise de uma condição marginal e a conduziria a um tipo peculiar de sucesso. A popularidade da expressão “Freud explica!”, genuinamente brasileira, é um reflexo disso. No início dos anos 1990, houve até quem dissesse que o Brasil esteve entre os três maiores mercados editoriais de psicanálise, em nível mundial. Poderíamos falar de um triunfo da psicaná

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