Foucault entre Nietzsche, Marx e Walter Benjamin

Foucault entre Nietzsche, Marx e Walter Benjamin
Michel Foucault (Arquivo Agência Estado)
  Há exatos quarenta e um anos, na Primeira Conferência de A verdade e as formas jurídicas proferidas, como sabemos, na PUC do Rio de Janeiro, pouco cauteloso, de certo modo, à peculiaridade da situação política brasileira e do papel desempenhado naqueles anos pelo marxismo como forma de resistência à ditatura, Foucault foi absolutamente implacável: ele critica com bastante virulência o “marxismo acadêmico”, “universitário”, que resolvia a questão das relações entre condições econômicas e práticas de subjetivação por meio dessa espécie de fórmula explicativa conhecida como “teoria do reflexo ou da expressão”. Mesmo que, precavido, ele tenha restringido sua declaração à França e à Europa, ela foi suficiente para suscitar não apenas um debate, mas também uma desconfiança de que nos encontrávamos diante de um anti-marxista resoluto. Na discussão que se seguiu à última conferência, dominada pelo debate com Hélio Pellegrino, respondendo a uma intervenção que associava suas análises a uma espécie de crítica da ideologia, Foucault volta a se posicionar enfaticamente contra essa ideia referindo-se, novamente, a uma “interpretação tradicional”, a “interpretação dos marxistas”. E assim, o próprio Foucault marcava, com certa clareza e precisão, sua distância e afastamento do marxismo. O que significava, tal como podemos hoje claramente perceber, um afastamento de algumas teses de Althusser, seu ex-professor e amigo pessoal, que ele abraçara na sua juventude e que estavam presentes na História da loucura.

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