A formação do psicanalista: passado, presente e futuro
A profecia
No 2º Congresso de Psicanálise de Nuremberg, em 1910, Freud incumbiu o psicanalista Sándor Ferenczi de proferir o discurso propondo a criação de uma Associação Internacional de Psicanálise capaz de centralizar os esforços e ditar os rumos do movimento psicanalítico, que vinha se expandindo exponencialmente (a partir de Viena, Berlim, Zurique e Budapeste).
Ferenczi, médico húngaro e principal interlocutor de Freud por duas décadas (1910-1920), teceu um diagnóstico preciso do movimento e, por tabela, foi o responsável por uma fala de advertência que, mais de um século depois, nunca foi tão atual.
O diagnóstico indicava que os primeiros anos da difusão da psicanálise dependeram muito das iniciativas pessoais de alguns discípulos de Freud, caracterizando a parcialidade própria às estratégias de “guerrilha”. Contudo, com a popularização da obra freudiana seria preciso cuidar da reputação da psicanálise, centralizando os esforços de modo a proteger seu nome dos aventureiros e impostores que, já naquela época, divulgavam praticá-la sem qualquer conhecimento de causa. A advertência – que hoje soa profética – merece ser transcrita, tamanha sua espantosa atualidade. “Tais amigos constituem para a psicanálise uma ameaça maior que a de seus inimigos”, escreve Ferenczi em 1911, acrescentando: “O perigo que nos espreita, de certa maneira, é que viéssemos a ficar em moda e crescesse rapidamente o número daqueles que se dizem psicanalistas sem o ser”.
A “guerra” estava declarada. Desde então, saber que
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