Flores das flores do mal
A seleção dos poemas de Charles Baudelaire (1821-1867) feita pelo nosso poeta modernista Guilherme de Almeida (1890-1969) em 1944 já estava nos sebos na seção de livros “raros e antigos”. Esta reedição é, portanto, mais do que bem-vinda. A começar por dois detalhes que a acompanham: a inclusão da bela apresentação de Manuel Bandeira (publicada na edição de bolso de 1965) e a presença de algumas das ilustrações de Henri Matisse, realizadas para uma antologia francesa de 1947 do livro. As “flores”, retiradas da célebre obra de Baudelaire As flores do mal, são aqui os 21 poemas que Guilherme de Almeida teria escolhido por serem seus favoritos; aqueles que, de tanto saber de cor, ele teria acabado por se surpreender ouvindo-os dentro de si, ressoando em sua própria língua, ou seja, em português.
É a explicação que se lê nas suas deliciosas “Notas”, ao final do volume, em que ele comenta a tradução – ou “re-criação”, para sermos fiéis a seus termos – de cada um dos poemas. Essas notas, escritas em linguagem informal, quase como um bate-papo com o leitor, mostram por um lado as preocupações minuciosas de um poeta como artesão obcecado pela língua e, por outro, a apaixonada e inspirada relação que um poeta pode ter com a poesia de outro. Uma aula de poesia em todos os sentidos.
Flores das Flores do Mal
Charles Baudelaire
Trad.: Guilherme de Almeida
Editora 34
144 págs. – R$ 39