Fitzgerald rejeitado

Fitzgerald rejeitado

A revista “New Yorker” publicou recentemente um conto do escritor americano F. Scott Fitzgerald (1896-1940) que havia sido, há mais de 70 anos, rejeitado pelo próprio veículo 11 anos após ele haver escrito “O Grande Gatsby” (1925).

Intitulada “Obrigado pelo fogo” (“Thanks for the Light”) e datada de 1936, sua publicação no periódico foi considera pelo editor da época como “fora de questão”, acrescentando que “parece muito diferente do tipo de coisa que associamos a ele”.

Escrita em uma única página, a história foi encontrada pelos netos do escritor. De acordo com Deborah Treisman, editora de ficção do New Yorker, James West, autor da biografia “The Perfect Hour: The Romance of F. Scott Fitzgerald and Ginevra King, His First Love” (Random House, 2005), afirma que a história é “quase Tchekoviana” e sugeriu aos herdeiros de Fitzgerald que dessem nova chance ao conto.

Sra. Hanson, a protagonista de “Obrigado pelo fogo”, uma vendedora de corset de 40 anos de idade e fumante assídua, descobre, ao ser transferida para um novo território de vendas na região oeste, que fumar não é socialmente bem visto nas redondezas, dando a entender inclusive que poderia haver alguma implicação legal contra o ato. Procurando por fogo para acender o cigarro, a protagonista acaba em uma Catedral onde tem uma interação celeste, o que pode implicar um duplo sentido ao título, onde “light” refere-se tanto a “fogo” quanto a “luz”.

Apreciador voraz de álcool e cigarros, Fitzgerald, já na época em que escreveu o conto, quatro anos antes de morrer, lutava para evitar que a dependência afetasse sua carreira.  A situação em que a Sra. Hanson está inserida, dizem os críticos, pode ser entendida como reflexo da própria dependência do autor, assim como retrata a figura da mulher fumante na década de 30.

Leia na íntegra, em inglês, o conto “Obrigado pelo fogo”.

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