A filosofia do samba

A filosofia do samba
O compositor da Portela Antonio Candeia Filho, em 1974 (Foto: Arquivo Nacional/ Fundo Correio da Manhã)
  Pensar em filosofia a partir do samba nos leva ao compositor da Portela Antonio Candeia Filho, autor de “Filosofia do samba”, que tem como refrão “Mora na filosofia, morou, Maria”… Morou Maria? Morou, Maria! Na música, o poeta afirma que para cantar samba é preciso buscar memórias, porque cego é quem vê apenas o que a vista alcança. Candeia nos prova como o canto negro é uma construção musical e literária que necessita de estudos mais profundos, por mostrar respeito e honra aos ancestrais, se voltando para a constituição de família e de laços com o território. Neste momento em que vivemos uma pandemia e verificamos a insensatez humana com mais uma guerra no mundo, além das alterações climáticas que atingem nossas encostas e florestas, deixando milhares de pessoas ao desabrigo, precisamos nos voltar para a comunidade preta, a mais atingida em nosso país, para descobrir como ela superou suas adversidades. Como nos fala Muniz Sodré em seus livros, a leva de escravos na Bahia, constituída de sacerdotes, pensadores, filhos de reis e rainhas, precisava se territorializar aqui. A solução foi o terreiro de candomblé. Ele representa uma forma de viver e de pensar. Esse culto se transplantou para cá, diferente do que se fazia em África, reterritorializando-se. Cada casa de orixá reproduz um espaço de África. A aproximação necessária produz a lógica do lugar. A gente precisa da corporeidade do outro. Valorizar essa aproximação é fundamental porque o pensar se dá fora da cabeça, com as cartas, o tarô, os búzios. O corp

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