Filosofia bancária

Filosofia bancária
O filósofo e matemático alemão Edmund (Wikimedia Commons)
  Embora a filosofia esteja hoje fora de moda, talvez justamente por isso é preciso voltar a falar dela. É preciso falar não necessariamente da filosofia que foi moda, da filosofia enquanto “marca” ou “denominação de origem controlada”, da filosofia como capital intelectual, da filosofia dos baronatos acadêmicos com seus controles rígidos de domínio branco e patriarcal, mas, sim, da filosofia como trabalho do pensamento reflexivo que não depende de moda, que corre riscos em nome da verdade, da filosofia sem medo, a filosofia a pé, nua e descalça, que não faz acordo com poderes e classes dominantes. Certamente, foi a filosofia enquanto significante geral que adquiriu certa valorização na contramão de eras em que ela foi considerada inútil, sobretudo depois da admoestação de Marx acerca de sua responsabilidade na transformação do mundo. Foi a filosofia “como um todo” que, de certo modo, esteve na moda. A onda gourmetizante tentou tornar menos amarga a impalatável erudição à qual ela foi reduzida. Que algo chamado filosofia tenha estado um dia na vitrine e sido popularizado e desejado como uma experiência ou uma mercadoria consumível é um problema que poderá ocupar filósofos e filósofas de nossa época caso desejem fazer a análise e a crítica de seu métier. Em um sentido menos epistemológico e mais social, ético e político, a presença da filosofia na vida cotidiana, ou no “mundo da vida” – como se diz desde a fenomenologia de Edmund Husserl (1859-1938) –, é, sobretudo, um problema da sociedade cuja experiência s

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