Um professor
Haddad: "O sistema vai reagir, não tenha dúvida de que ele [Bolsonaro] vai encontrar resistência" (Foto: Marcus Steinmeyer)
Descendente direto de libaneses, Fernando Haddad tem verdadeira admiração pelo avô, um padre cristão ortodoxo famoso pela bravura durante as duas grandes guerras e a ocupação francesa. É a lembrança desse avô – que só conheceu das muitas histórias que ouviu – e a vitalidade de sua religião que o faz pensar na política como “a afirmação da vida em meio à barbárie, em meio a tudo que a nega”. O ex-prefeito de São Paulo certamente pensa o mesmo da educação, tema que lhe é tão caro e pelo qual ficou conhecido. Mesmo quando era ministro nos governos Lula e Dilma, período em que ajudou a criar o Fundeb, o Sisu, a reforma do Enem, o Fies, o Pibid e a Universidade Aberta, para citar apenas algumas das melhorias direcionadas aos estudantes do Brasil, Haddad fazia questão de preencher check-ins em hotéis com a palavra professor, hoje tão vilipendiada. Discípulo intelectual de Lukács e Marcuse, entre outros, considera que “a dialética está para as ciências humanas como a relatividade está para as ciências naturais”. Tal afirmativa seria taxada de “marxismo cultural” por aqueles que hoje promovem uma balbúrdia no campo da educação: o presidente Jair Bolsonaro, seu mentor Olavo de Carvalho e o atual nome à frente do MEC, Abraham Weintraub, autor de gafes notórias, uma delas envolvendo o escritor Franz Kafka. “O que menos importa para esse pessoal é a evidência empírica, a realidade”, analisa o ex-candidato do PT, que na última eleição presidencial recebeu 46 milhões de votos. Na conversa a seguir, realizada em sua
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