Feminismos negros e suas potências
A antropóloga Fátima Lima (foto: Tiago Carneiro/Ascom Cns)
Qual a importância da categoria “experiência” para o feminismo negro?
Eu começaria já pluralizando o próprio feminismo negro, porque não tem como falar em um feminismo negro, mas em feminismos negros. Muitas vezes, o jeito com o qual a gente olha ou toma os feminismos negros requer, de alguma maneira, também a suspensão, inclusive, do tempo cronológico como nós o conhecemos, ou a conjuração de um tempo cronológico. Então, ler o feminismo negro pela singularidade e por uma ordem cronológica de uma primeira onda, de uma segunda onda, de uma terceira onda, é algo insuficiente para a gente entender, realmente, a potência, ou as potências, dos feminismos negros na dimensão de um tempo espiralar. Por que estou colocando isso? Porque a noção de experiência é fundamental nisso tudo. Não tem como dissociar os feminismos negros da noção de experiência. A noção de experiência é uma noção vital. É a espinha dorsal do que a gente pode pensar como práticas feministas negras e como produções epistemológicas feministas negras, entendendo que são indissociáveis. E o que é a experiência no sentido dos feminismos negros? É uma experiência vivida através do corpo, de um processo de subjetivação, de uma relação corpo-subjetividade que forja em uma maquinaria muito perversa a ideia de negra ou a ideia da mulher negra. Então, essa experiência é inseparável da hidráulica racista que produz a ideia do que é ser ou do que é vir a ser uma negra, uma mulher negra, e das relações que elas estabelecem entre si e também com as outr
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