Falar sozinho

Falar sozinho
Marcia Tiburi (Foto: Simone Marinho/ Divulgação)
  A palavra autoritarismo é usada para designar um modo antidemocrático de exercer o poder. A centralidade da autoridade é o atributo ou característica de um governo, de uma pessoa ou até mesmo de uma cultura que fornece o núcleo gerador da ação no exercício do poder autoritário. Diálogo e participação coletiva em decisões são impensáveis no espectro do autoritarismo que se define pela imposição à força de leis que interessam a quem exerce o poder. O outro, seja o povo (Estado), seja o próximo (indivíduo), seja a sociedade ou outras formas de cultura, é manipulado, quando não violentado, tanto física quanto simbolicamente. Talvez não tenha sido percebido que o autoritarismo é mais do que uma postura, ele é essencialmente um regime de pensamento. Uma operação mental que, em sentido amplo, se torna paradigmática agindo sobre a ciência, a cultura e o senso comum. O autoritarismo como regime de pensamento poderia ser superado por aquilo que podemos chamar de paradigma do pensamento democrático. Não ao pensamento sobre a democracia, mas a uma operação mental em si mesma democrática. Em ambos os casos, trata-se de modos de pensar, de ver o mundo e de um específico uso da linguagem que se efetiva em ações. Em nossa época, a operação de pensamento autoritária está profundamente arraigada em tudo o que fazemos. Ela acontece pelo apagamento da função oblativa (a função do outro). Essa função é enfaticamente evitada e negada. Daí a atmosfera niilista evidente no espírito de nossos dias. O outro (seja o povo, seja o pr

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