Privado: Eu sou o que sou
O filósofo italiano Giorgio Agamben afirma, em seu O Reino e a Glória (Boitempo), que, segundo a “oikonomia’ própria à teologia cristã, “a economia através da qual Deus governa o mundo é completamente distinta de seu ser e, em todo estado de causa, não saberíamos deduzi-la de seu ser”.
Isso implicaria admitir uma fratura fundamental entre ser e práxis. Uma fratura que teria aparecido no final da Antiguidade, teria encontrado seu lugar privilegiado na teologia cristã e daí rumado à filosofia moral moderna com suas “aporias insolúveis” entre ser e ação.
No interior da filosofia moral moderna, teríamos aprendido a ultrapassar tais aporias entre ser e ação por meio da elevação do conceito de vontade livre à categoria fundamental da ética. É por meio da vontade livre que aprendemos a passar do ser à ação moral.
Por isso, dirá Agamben, “a vontade é o dispositivo que deve articular conjuntamente ser e ação, que se encontrariam separados em Deus”. Pois é nessa fratura divina que encontraríamos a raiz daquilo que um dia Heidegger chamou de “metafísica da vontade”.
Mas se há fratura entre ser e ação, se a apreensão do ser não me fornece imediatamente o móbile para a orientação na ação, é porque há uma indeterminação no nível do ser, isso ao menos a partir da perspectiva das modalidades de determinação
da práxis.
Assim: “Segundo este paradigma, a práxis divina, da criação à redenção, não encontra seu fundamento no ser de Deus, ele dele se distingue a ponto de se realizar em uma pessoa sepa
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