especial | Invisíveis ao Estado

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Equipe e elenco do filme “Orgia ou 0 homem que deu cria”, de João Silvério Trevisan (Foto: Divulgação)
  Aos 77 anos, João Silvério Trevisan considera-se um exilado. O sentimento não vem de hoje. Talvez nem ele saiba precisar o momento. Seria quando organizava montagens teatrais em um seminário no interior de São Paulo? Quando decidiu, em plena ditadura militar, filmar Orgia ou o homem que deu cria (1970), uma das obras mais malditas da cinematografia nacional? Quando criticou estrelas do petismo no auge da onda progressista brasileira? Quando teimou em construir uma obra, apesar de todas as circunstâncias contrárias? E elas foram muitas: homossexual numa sociedade conservadora e estruturada por uma ditadura civil-militar; fundador do grupo Somos, o primeiro movimento gay de relevo do Brasil, quando a aids se tornava uma pandemia; independente e irascível num meio dado a bons mocismos – sim, estamos falando do meio editorial. “O estado de exílio te esclarece, te enriquece muito a respeito do teu próprio percurso. Eu não estou negando que o exílio me foi prejudicial. Eu sei o que escolhi. Eu escolhi esses caminhos. Eu estou colhendo os frutos disso. A responsabilidade da escolha é minha. A minha obra é uma obra de exilado”, afirma o autor, em entrevista por vídeo, de seu apartamento no Centro de São Paulo. Exílio esse intensificado em março de 2020 pela chegada da pandemia e da quarentena, que deixou Trevisan trancado em casa por mais de um ano e meio, período em que se dedicou à reescritura de mais uma de suas tantas obras fora de catálogo: Seis balas num buraco só: a crise do masculino, que ganha uma segunda edição, revista e ampl

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