especial Escutar a rua | Apresentação

especial Escutar a rua | Apresentação
(Ilustração: Fernando Saraiva/Revista Cult)
  Dar forma é curativo Iniciamos a apresentação de Psicanálise na Rua homenageando Jorge Broide, pioneiro inconteste dessa prática política. Seu trabalho de escuta embaixo de viadutos, por largos e praças nos ensina que a prática psicanalítica não está restrita aos consultórios – modela-se às necessidades sociais reinventando seus dispositivos clínicos. A psicanálise, em suas palavras, “tem de estar onde a vida está”. Neste especial, damos voz aos projetos que realizam tais alianças com a vida. Do engajamento via escuta do território de Broide na década de 1970 aos anos 2020 contemporâneos, vemos que se multiplicam as iniciativas de acolhimento do desamparo e, não raro, a escuta do inconsciente supera determinações modais. Isso se dá seja pela escuta da cidade, ao considerar o território-rua como sua instituição e fonte de sofrimento compartilhado, seja pelo território online, superador de fronteiras temporais e espaciais. Muitas das iniciativas atuais tomam como modelo o resultado da experiência vivida pelo psicanalista Aldo Zaiden: ao encontrar a demanda de escuta de um poeta slammer na praça Roosevelt, vislumbrou duas cadeiras na praça pública para atendê-lo. Desse vislumbre nasceu a clínica pública “na praça”, reunindo analistas que passaram a se utilizar do dispositivo Grupo Analista criado por Tales Ab’Sáber. A notícia de um grupo de analistas atendendo na praça circulou com força e gerou “desejo de clínica” Brasil afora. Diversos outros grupos de analistas passaram a ver, no espaço a céu aberto,

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