Egípcias viviam melhor sob regime de Mubarak
Em artigo publicado no site do jornal inglês “The Guardian”, a jornalista Nabila Ramdani afirmou que a vida das mulheres egípcias era melhor sob o regime ditatorial do presidente Hosni Mubarak.
Apesar de terem participado ativamente da queda do ditador, hoje, elas representam apenas 2,4% das cadeiras do Parlamento. Segundo Ramdani, os rumores são de que o Egito trocou uma secular ditadura ocidentalizada por uma versão Islâmica.
O país também tem sentido uma crescente onda de patriarcalismo e conservadorismo. Para a estudante de Direito, Dina Shobra, foi uma mistura de complacência e medo que reverteu as conquistas da revolução responsável pela queda de Mubarak. “A complacência vem de egípcios conservadores que acreditam que o lugar da mulher é em casa”, comentou.
A situação atual é emblematizada pela porta-voz da Irmandade Muçulmana, Manal Abul Hassan, a mais poderosa política no Egito. Ela não vê problema na baixa representação feminina no Parlamento e condena as mulheres que protestam contra os abusos cometidos pelos militares, acusados de forçar solteiras a se submeterem a testes de virgindade e atacar fisicamente aquelas que participam de protestos. “Elas deveriam deixar seus pais, irmãos e maridos protestarem por elas”, opinou.
Segundo Ramdani, o grande perigo é que os direitos femininos regridam ainda mais, caso os Islâmicos também dominem os poderes Executivo e Judiciário. Para ela, a igualdade entre gêneros vem sendo tratada como um artigo importado do Ocidente, assim como fast-food e filmes de Hollywood.
Mubarak foi tirado do poder em 11 de fevereiro do ano passado.
No última sexta-feira, dia 1, Mubarak foi condenado à prisão perpétua. Logo em seguida ao anúncio, manifestantes tomaram as ruas das cidades do país pedindo a pena de morte ao ex-ditador.