dossiê Como se forma um psicanalista? | Apresentação
O interesse crescente que a psicanálise vem despertando na sociedade brasileira não pode ser creditado apenas ao sofrimento causado pela pandemia de covid-19 – embora, considerando as consequências sociais, políticas e econômicas da desastrosa gestão sanitária em nosso país, ele só tenha aumentado desde então. Por um lado, o Brasil ocupa, há muitos anos, lugar de destaque no pódio dos países que mais consomem antidepressivos e benzodiazepínicos no mundo e, como a teoria psicanalítica é o melhor instrumento de que dispomos para compreender o sofrimento psíquico, não espanta que haja um desejo cada vez maior de acesso a esse saber. Em contrapartida, fenômenos que recrudesceram na contemporaneidade, como o ódio segregador racista, sexista e religioso, o suicídio de adolescentes e a desesperança de um futuro melhor, exigem a sofisticação dos nossos modos de pensar e compreender o mundo em que vivemos.
No entanto, o fascínio que a psicanálise desperta vem acompanhado por tentativas de apropriação indevida de sua reputação por grupos de aventureiros movidos sobretudo pela ganância financeira ou por esforços de doutrinação religiosa – o que já era visível há mais de um século na Europa. Recentemente, aliás, a comunidade psicanalítica brasileira foi surpreendida por um verdadeiro golpe político-institucional ao tomar conhecimento da oferta de um curso de bacharelado em psicanálise na modalidade de ensino à distância (EAD), ainda em processo de reconhecimento pelo Ministério da Educação (MEC) e recém-criado por uma ins
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