De Ofélia a Elena
A cineasta Petra Costa (Divulgação)
Formada em artes cênicas pela Universidade de São Paulo, Petra Costa estudou antropologia na Columbia University, de Nova York, onde começou a “trabalhar um pouco com o cinema, por causa da antropologia visual”. Depois, fez mestrado na London School of Economics, “uma mistura de antropologia com psicologia, algo que tem muito a ver com Elena, porque a minha dissertação final foi sobre trauma”. Quando voltou ao Brasil, passou a trabalhar exclusivamente com cinema. Hoje, aos 29 anos, dedica-se ao lançamento de Elena e a um longa-metragem com dois atores da companhia Théâtre du Soleil. O filme é codirigido pela dinamarquesa Lea Glob, fruto de um programa que escolheu dez cineastas não-europeus para fazerem trabalhos em colaboração com dez cineastas europeus.
Quando e por que você julgou que poderia tratar desse material de caráter íntimo em uma obra pública?
A primeira vez em que pensei em fazer um filme já pensei que queria fazer algo para o público. Aos 17 anos, encontrei o diário da minha irmã pela primeira vez e me identifiquei profundamente com o que estava escrito ali. Criei uma cena em que misturava trechos do diário dela com trechos do meu. E percebi que tinha um material potente, artisticamente falando. Era um material que eu queria investigar mais, não só pessoalmente, mas artisticamente. Na mesma época, eu assisti a uma montagem de Hamlet e vi na Ofélia um arquétipo que estava presente tanto nela (Elena) como em mim. Esse arquétipo fala da transição da adolescência para a vida adulta. Senti que tinha um dever de fazer
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