Crítica e rememoração

Crítica e rememoração
O filósofo Theodor Adorno (Reprodução)
  “A contemplação não-violenta, de onde vem toda a felicidade da verdade, está vinculada à condição de que o contemplador não incorpore o objeto: proximidade à distância” - Adorno, Minima moralia, fragmento 54 Os jubileus são momentos de comemoração e rememoração. O “grande” pensador, pintor, escritor, ou político, é relembrado nestes momentos. A obra de sua vida é elogiada, seus feitos exaltados. Tudo é festa! Nada mais paradoxal quando se trata de relembrar um autor para quem “o momento afirmativo identifica-se com o momento da dominação” (Teoria estética). O “triunfo” que desfila os “grandes homens e feitos” caracteriza apenas uma história, diria Nietzsche, monumentalizante, que Adorno condenava. Além disso, ele não só foi avesso às simplificações que normalmente ocorrem nos “encômios” lidos nestas ocasiões – conseqüência de uma visão instrumental da linguagem – como também denunciaria a relação estreita entre as comemorações e o espírito da indústria cultural. Tentemos, apesar disso, apresentar alguns momentos de sua “vida e obra” a partir desta negatividade, que é inerente ao seu modo de pensar. Não se trata, ao levantarmos estas dificuldades envolvidas neste gesto de comemoração, apenas de destacar algumas importantes questões. Ao ressaltarmos as contradições e aporias da escritura, já estamos, na verdade, no coração da filosofia de Adorno. Não podemos deixar de lembrar também que sua recusa a reduzir o pensar filosófico a uma modalidade dos “triunfos” levou-o a escrev

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