Privado: Crise ou ajustamento?
Empenhada na compreensão do país, a tradição crítica brasileira perde força explicativa (Reprodução)
Ao mesmo tempo em que prolifera em escala considerável, a crítica literária hoje parece perder pé da realidade e submergir em vários tipos de formalismo ou de universalismo anódino. É certo que esses vieses não são novidade, mas é significativo que a tradição crítica brasileira, a qual havia produzido um corpo de conhecimento consistente, afirmada como estava no chão histórico, tenha perdido a força de revelação de que foi capaz no século passado. Para pensar a situação atual da crítica, convém repassar brevemente alguns aspectos do longo percurso da literatura brasileira e da reflexão sobre ela, lembrando a experiência social cotidiana, com seus problemas e contradições, que lastreia as elaborações intelectuais.
1. Não é exagero dizer que a crítica literária no Brasil produziu alguns de seus resultados mais relevantes ao se articular com a tradição de pensamento sobre a formação histórica da sociedade brasileira. Explorando, em seu campo próprio, problemas e questões que também vinham sendo investigados na variada reflexão sobre o país, a crítica literária contribuiu para elucidar aspectos decisivos da dinâmica cultural brasileira e, ao mesmo tempo, identificar e explicar as especificidades do processo histórico em que se deu o desenvolvimento particular do Brasil.
Historicamente, a literatura ocupou posição-chave na vida cultural do país desde a Independência até pelo menos a metade do século 20. Como observou Antonio Candido, a literatura havia impregnado a atividade intelectual no conjunto, do sermão
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