Lugar de criança é na escola
(Foto: Wellcome Collection)
Com esta ideia, todos parecem estar de acordo: o lugar das crianças, por excelência, é a escola. Ali ela deve ser acolhida e receber todo apoio pessoal e técnico para que seu (bom) desenvolvimento seja potencializado. Mas para qual escola estamos enviando nossas crianças? A pergunta se torna pertinente quando vemos no campo da pesquisa inúmeras vozes chamarem a atenção para transformações importantes, realizadas nos últimos tempos, não apenas na forma da instituição escolar, mas em sua natureza mesma. Seria a escola ainda uma escola?
Em A escola não é uma empresa: o neoliberalismo em ataque ao ensino público (Planta, 2004), Christian Laval, por exemplo, demonstra como as pressões da ideologia neoliberal, fortemente dominante em nosso tempo, transformam a escola em uma empresa, na qual a lógica da competição, da avaliação e do desempenho vem substituir a perspectiva educativa pela da concorrência de mercado. Jorge Larrosa, em Elogio da escola (Autêntica, 2018), vem conclamar todos a uma retomada do caráter público, da especificidade e do vigor do dispositivo escolar, visceralmente contestados em nossa sociedade atual, por vários fatores que inclinam a escola para uma perspectiva francamente privatista.
Na mesma direção dessas múltiplas vozes que flagraram essa transformação social da instituição escolar, que a ameaça de descaracterização, propomos destacar um processo particular, conhecido pelo nome de medicalização da infância e da educação.
Os diagnósticos e a medicação decididamente invadiram a infância e a
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