Privado: Concurso de beleza
A vida se transformou em um imenso concurso de beleza. A lógica do velho concurso de miss estendeu-se a todos os setores da vida. Não é estranho que as “misses” tenham voltado a chamar a atenção pública no tempo em que as “modelos” não estão tão na moda assim. Na lógica do concurso de beleza, a miss vencedora sempre é tratada como deusa, a derrotada paga o resto da vida por não ser suficientemente bonita quando o método é a comparação. Comparabilidade é fungibilidade: tudo o que pode ser comparado submete-se ao paradigma da troca universal. Tudo o que é trocado é vendável e comprável. A vida é reduzida à mercadoria já faz tempo e a lógica do concurso de beleza não faz mais do que coroá-la.
Entra moda e sai moda e o concurso de beleza universal continua. O triunfo de sua lógica implica que deve haver um “mais bonito”. A vitória do mais bonito é a do padrão. Funcionários de supermercados, de postos de gasolina, de lojas e de bancos têm seus rostos expostos em fotografias como funcionários da semana ou do mês. Do mesmo modo, professores são tratados como se uns fossem melhores do que outros. Escritores disputam prêmios porque é preciso ficar “bem na foto” do mercado editorial que regula o que pode ou não ser escrito, segundo tenha potencial de venda ou não. Cinema, artes visuais, até teses e dissertações, tudo merece um prêmio. E o prêmio será do “melhor”, que é apenas a versão moral ou econômica do “mais bonito”. A disputa de beleza é conhecida em qualquer instituição. Nas universidades, o currícul
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